Os Balatiponé

É no Estado do Mato Grosso que vivem a maior parte do povo Umutina, também conhecido como Balatiponé. O nome Umutina surgiu graças ao contato que esse povo teve com os povos Paresí e Nambikwara, sendo que a palavra umutina significa ‘índio branco’.

O contato com os não indígenas foi algo extremamente danoso ao povo Umutina, tendo sido dizimados por terem resistido as invasões de suas terras. Nos anos de 1940, o SPI, atual FUNAI, registrou 73 pessoas da etnia Umutina, sendo que 23 dessas pessoas se isolaram por não quererem nenhum tipo de contato com não indígenas. Conhecidos como ‘Os independente’, eles viviam na última aldeia no alto do Rio Paraguai. Todavia, o etnólogo Harald Schultz conseguiu se aproximar desses 23 Umutinas, convivendo com eles por cerca de 8 meses, em diferentes momentos e registrando parte de seus costumes.

De acordo com dados da Siasi e da Sesai, em 2014 a população de Umutinas era de 515 pessoas.

A língua umutina é classificada como extinta pelo atlas das línguas em perigo da UNESCO, ou seja, não existem mais falantes vivos e nenhuma possibilidade de recordá-la. Porém, de acordo com um levantamento realizado em 2016, que utilizou dados de 131 estudantes indígenas matriculados em cursos de graduação na UFSCar, dos 8 estudantes da etnia Umutina que estudavam na instituição, seis sua língua materna, sendo a quarta língua indígena mais falada.

Uma explicação para esse fato é dada pelo estudante de Letras da UFSCar, Luciano Ariabo Kezo, que em seu livro Boloriê: A origem dos Alimentos (LEETRA/UFSCar, 2015), diz por volta dos anos 2000, graças às políticas adotadas pelas lideranças do por seu povo, buscou-se fortalecer a identidade do povo, com o empenho dos jovens em recuperar a sabedoria dos anciões, verdadeiras “bibliotecas enquanto vivos”, e que dessa maneira ocorreu o que o autor chama de acordamento da língua Umutina, que estava adormecida, sendo utilizada em um espaço social bastante restrito.

por Edmar Neves e Luciano Ariabo Kezo

Fonte: Povos Indígenas no Brasil