A presença indígena na UFSCar

A presença indígena na UFSCar

Fruto de diversas reivindicações de movimentos sociais, que cobravam acesso e permanência no ensino superior para grupos que foram historicamente marginalizados por motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero, entre outros, as Ações Afirmativas na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) se mostraram um grande sucesso, tanto no fato de conseguir bater a meta de disponibilizar 50% das vagas dos cursos de graduação para egressos da rede pública, em 2014, quanto no fato de garantir o acesso de pessoas que trouxeram uma grande diversidade para o meio acadêmico, aproximando-o, assim, das diferentes realidades do Brasil.

Nesse sentido, a UFSCar se tornou um grande pólo de diversidade cultural e linguística, assim como uma referência em acesso e permanência estudantil, graças à implementação de uma reserva de vaga para povos indígenas e um vestibular específico para esse público, no ano de 2008.

A instituição conta com 191 estudantes indígenas de 39 povos diferente, oriundos de 11 estados brasileiros, sendo que, de acordo com levantamento feito em 2016 com os dados de 131 estudantes, 61 desses estudantes falam alguma língua indígena, 88 estudantes viveram em algum momento em Terras Indígenas e 37 estudantes estudaram em Escolas Indígenas integralmente ou em parte de suas formações.

É claro que essa diversidade traz consigo grandes desafios. Desde a gestão das diferenças e dos conflitos, até a luta pela permanência estudantil, a presença indígena na universidade conta com o esforço de diversos estudantes, professores, técnicos administrativos, além de órgãos como a CAAPE e a SAADE, para se efetivar.

O protagonismo político dos estudantes indígenas se tornou tão importante para a continuidade e o aperfeiçoamento das políticas de ações afirmativas que, em 2013, é formado o Centro de Culturas Indígenas (CCI), entidade constituída por estudantes indígenas e membros da comunidade acadêmica. Entre as ações do CCI estão a realização do I Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas e a Semana dos Estudantes Indígenas de São Carlos. Além disso, a entidade contou com representantes em eventos internacionais como a 8ª Sessão de Mecanismos de Especialistas sobre Direitos dos Povos Indígenas, realizado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, na cidade de Genebra, Suíça, e na 14ª Sessão do Fórum Permanente sobre Questões Indígenas, realizado em Nova York, EUA.

Mais recentemente, o CCI encampou a luta contra os cortes que o governo federal realizou nas verbas do programa Bolsa Permanência para indígenas e quilombolas.